Aumento de bilionários e de miseráveis mostra que o Brasil e o mundo precisam de solução urgente
Publicada dia 06/06/2022 16:33
Não é conversa de esquerdista ou comunista. É constatação de uma pesquisa feita pela Oxfam, uma organização internacional que monitora a desigualdade no planeta, apresentada aos chefes de estado que participaram do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suiça.
O resultado da pesquisa é chocante. Embora não seja possível saber se provocou a reação necessária nos banqueiros, empresários, ricos em geral e governantes que participaram do Fórum. Justamente os beneficiados com a desigualdade e os representantes deles.
O fato é que a pesquisa mostra um mundo dividido entre setores socioeconômicos que não se conversam. Enquanto 1,1% dos mais ricos está com quase metade do patrimônio das famílias, da riqueza acumulada no planeta, 55% da base social, a massa da população com mais de 4 bilhões de pessoas, têm apenas 1,3% dessa riqueza. Enquanto os primeiros têm 150 bilhões nas mãos, os outros têm apenas 5 bilhões de riqueza total. Que diálogo pode haver entre pessoas desses grupos?
Pandemia piorou a desigualdade
A pesquisa mostra que essa desigualdade pornográfica de renda piorou na pandemia de coronavírus. Do início de 2020 até agora, mais 573 pessoas se tornaram ultrarricas. Algo como um novo bilionário surgindo a cada 30 horas. O relatório também mostrou que hoje existem 2.668 bilionários no mundo que, juntos, possuem uma riqueza no valor de US$ 12,7 trilhões.
No relatório intitulado “A necessidade urgente de taxar os ricos“, a ONG ainda aponta que as dez pessoas mais ricas têm mais riqueza do que os 40% mais pobres juntos e que os 20 bilionários mais ricos possuem mais do que todo o PIB da África Subsaariana. Os dados são baseados na classificação da revista Forbes das pessoas mais ricas do mundo e em dados do Banco Mundial.
O que causa esse desiquilíbrio é o caos financeiro
A maneira como a economia capitalista funciona está na raiz da piora da desigualdade. Hoje, rende muito mais aplicar na ciranda financeira do que na produção. Esse é um dos resultados do capitalismo financeiro que dominou o planeta.
Quem tem muito dinheiro não aplica mais na produção. Não aplica sua riqueza para criar industrias e empresas em geral. Para gerar empregos e renda e colocar mercadoria em circulação. Aplica nos bancos e na bolsa de valores. E fica no conforto de seus iates e mansões contando os lucros que caem em suas contas bancárias a cada minuto.
Sem crescimento da produção não tem empregos. E cada vez é maior o número de pessoas excluídas, sem trabalho e fonte de renda. Quem tem dinheiro acumula mais recursos no mercado financeiro, enquanto a massa pobre cada vez tem menos.
O que fazer?
Essa pergunta clássica precisa continuar a ser feita e respondida. A Oxfan propôs algumas medidas. Como a adoção de um imposto único de solidariedade sobre a nova riqueza dos bilionários, com o objetivo de utilizar os recursos obtidos para apoiar os mais pobres e conseguir “uma recuperação justa e sustentável“.
Também propôs a criação de um imposto temporário sobre os lucros extraordinários obtidos nos últimos anos pelas multinacionais dos setores alimentício, farmacêutico e petroleiro.
Governos têm obrigação de apontar rumos
O mundo todo procura rumos. Governos desmontam reformas trabalhistas e previdenciárias, como na Espanha. Outros voltam a direcionar recursos para incentivar a produção e o mercado interno, como os Estados Unidos. O que se vê em geral é a constatação de que as políticas neoliberais não deram o resultado esperado, de desenvolvimento e prosperidade. Pelo contrário, estão na raiz da desigualdade e da miséria atual.
O Brasil busca seu rumo nesse contexto global de crise econômica, financeira, ecológica, política e produtiva. E está bastante atrasado. Enquanto o mundo reestatiza empresas e desmonta reformas, aqui ainda domina a ideia neoliberal de que é preciso privatizar e reformar.
Espera-se do governo brasileiro uma visão atual e uma compreensão profunda do funcionamento da economia global. E que ele esteja disposto a encarar a financeirização. A regular o dinheiro, as taxas de juros e a valorização das moedas. A impulsionar a industrialização, a criação de emprego e renda. A ter política de distribuição de renda e de fortalecimento da economia.
É um desafio enorme. E os brasileiros, principalmente os trabalhadores, precisam entender minimamente o que ocorre, porque vão tomar uma decisão histórica nas eleições deste ano. O resultado dela pode alinhar o país à parte do mundo que buscas saídas, ou empurrar o país cada vez mais para o atraso e para continuar sendo uma economia periférica e subdesenvolvida, submissa aos interesses das grandes e ricas potências mundiais, com sua população cada dia mais pauperizada e miserável.