Desigualdade em ascensão: Renda da elite brasileira cresce três vezes mais que a da maioria em cinco anos
Publicada dia 18/01/2024 11:59
Um recente estudo revela uma disparidade crescente na distribuição de renda no Brasil, destacando um notável aumento nas fortunas dos 0,01% mais ricos em comparação com a empobrecimento enfrentado por 95% da população nos últimos cinco anos.
“A ascensão dos privilegiados e a queda dos menos favorecidos!” ressoa a dinâmica do capitalismo atual, marcado pelo fortalecimento do capital financeiro e do neoliberalismo. Estratégias como a destruição das leis trabalhistas, a precarização do emprego e a privatização de serviços públicos contribuíram para concentrar cada vez mais a riqueza nas mãos dos mais abastados, enquanto a maioria enfrenta desafios econômicos.
De acordo com uma análise aprofundada publicada na Folha de São Paulo, a renda de 15 mil indivíduos pertencentes à elite social do Brasil cresceu a um ritmo quase triplo em relação ao restante da população, elevando significativamente a concentração de riqueza ao final do governo Jair Bolsonaro (PL).
Entre essa elite, representando apenas 0,01% da população, o crescimento médio da renda quase dobrou (96%) entre 2017 e 2022. Em contraste, os ganhos da esmagadora maioria da população adulta (os 95% mais pobres) não avançaram mais do que 33%, ligeiramente acima da inflação no período (31%).
O estudo, baseado em uma nota técnica do renomado economista Sérgio Gobetti, publicada pelo Observatório de Política Fiscal do FGV Ibre, revela que, ao ampliar a análise para identificar a renda do grupo dos 0,1% mais ricos (cerca de 154 mil pessoas), Gobetti constatou um crescimento médio de 87% entre 2017 e 2022. O ganho mensal desses brasileiros subiu de R$ 236 mil para R$ 441 mil em cinco anos.
Gobetti destaca que os cálculos preliminares indicam que a concentração de renda no topo atingiu níveis inéditos. O economista afirma: “Ao que tudo indica, o nível de concentração de renda no topo bateu um novo recorde histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade.”
A proporção do bolo da renda nacional apropriada pelo 1% mais rico da sociedade brasileira cresceu de 20,4% para 23,7%, um aumento de mais de três pontos percentuais em um período tão curto.
O estudo destaca que a concentração de renda ocorre principalmente entre aqueles que ganham acima de R$ 140 mil mensais líquidos, evidenciando a necessidade de medidas para abordar essa disparidade. A revogação da isenção sobre dividendos é uma das propostas apresentadas, visando equilibrar a tributação e combater as brechas que contribuem para a concentração de renda.
O Brasil enfrenta, assim, um cenário desafiador de desigualdade em ascensão, exigindo reflexão e ação para promover uma distribuição mais justa de recursos e oportunidades. Leia o texto completo no site da Folha de São Paulo:
Elite no Brasil vê renda crescer até o triplo do observado entre o restante da população