Postalis: má gestão e arbitrariedades são debatidas no Senado
Publicada dia 07/08/2018 16:34
Uma audiência pública convocada pelo Senador Paulo Paim (PT/RS), através da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, debateu o déficit de cerca de R$ 16 bilhões do fundo de pensão dos funcionários dos Correios, o Postalis.
Através de uma ação civil pública, impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF), com a anuência do Postalis e da Previc cobra do banco BNY Mellon a recuperação de mais de R$ 8 bilhões. O MPF solicita que o banco recompre as cotas de investimento do Postalis pelos mesmos valores informados pelo próprio BNY Mellon e indenize os valores relativos às taxas de administração que o Postalis pagou ao banco de forma indevida.
O MPF também requer ressarcimento por danos morais e afirma que a má gestão do BNY Mellon no Postalis gerou prejuízo aos 130 mil participantes do fundo que está sob intervenção desde outubro de 2017.
Trabalhadores denunciam postura autoritária no Postalis
Representando a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (FINDECT), Marcos Sant’aguida, do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro (SINTECT-RJ), eleito para compor a diretoria de benefícios do fundo de pensão, impedido de assumir a função em detrimento da intervenção, falou que já existem milhares de contracheques dos trabalhadores participantes do fundo de pensão, onde houve redução no saldo de resgate do fundo.
Sant’aguida também disse ao interventor, Walter Parente, de tratar do Postalis como se “fosse seu”, não disponibilizando informações e atuando como um ditador “que faz e informa depois, atuando como diretor, conselho deliberativo, conselho fiscal e não debate com as representações de classe”, diz o sindicalista.
“O interventor Walter Parente fechou os núcleos de atendimento do Postalis, sem qualquer discussão com os trabalhadores e apenas comunicou depois. Eram núcleos importantes que conversava com os pensionistas, porque nós temos um grande número de aposentados, que tem dificuldade de acessar tecnologicamente o Postalis e que eram beneficiárias do trabalho que era prestado pelos núcleos. Parente fechou os núcleos e instalou o ‘call center’ por telefone, num telemarketing que não consegue falar”, denunciou Marcos.
Interventor não é dono do Postalis, sentencia sindicalista
O dirigente sindical conclamou que o Senado ajude a melhorar essa postura autoritária do interventor e lembrou que, ao contrário do que Walter Parente acredita, ele não é dono do Postalis. “Os donos do Postalis são os participantes do fundo de pensão, é o carteiro que anda com a mochila nas costas, no sol ou na chuva e no final das contas só lhe é descontado no contracheque valores altíssimos”, sentenciou. Sant’aguida defende que os trabalhadores precisam ter como retorno um tratamento digno.
Outra atitude arbitrária denunciada por Marcos Sant’aguida foi a mudança do estatuto do Postalis. O interventor interrompeu um processo que vinha sendo construído para que as mudanças no estatuto contassem com a participação das representações de classe. “A intervenção já foi prorrogada uma vez e a impressão que temos é que será prorrogada novamente. Se isso acontecer, o que nós defendemos é que haja uma relação mais democrática que envolva as entidades de aposentados, os trabalhadores, advogados, as federações que representam a categoria ecetista”.
O dirigente sindical registrou que o objetivo da representação dos trabalhadores não é criar desgastes, mas participar efetivamente com opiniões e não apenas com a participação financeira descontada no contracheque da categoria. “A redução das cotas do Postalis virou um inferno para os ecetistas, que além disso sofrem um ataque no seu plano de saúde, arrochando ainda mais os já minguados salários”, disse.
Sônia Corrêa
Correspondente da FINDECT em Brasília