PF faz operação contra fraudes nos Correios. Principais suspeitos são empresários franqueados e alto escalão
Publicada dia 06/08/2020 10:23
Enquanto isso, os trabalhadores do setor operacional, que carregam a empresa nas costas, vivem se expondo aos riscos da pandemia e são obrigados a ouvir desrespeitos de pessoas descontentes com os rumos da ECT.
De acordo com matéria veiculada pelo portal Valor, a Polícia Federal realizou parte de uma operação para investigação e captação de provas de fraudes ocorridas dentro dos Correios.
A operação resultou na apreensão de R$ 3,5 milhões, contudo, a previsão dos agentes estimula prejuízos de 94 milhões aos cofres da empresa.
A investigação é bem-vinda, apoiada por trabalhadores e pelas entidades sindicais. Não é de hoje que os Sindicatos Filiados e a FINDECT apontam a corrupção sistêmica dentro da ECT como principal causador na queda da qualidade da estrutura dos Correios, junto, é claro com a redução constante do quadro de funcionários (já que o último concurso foi realizado em 2011).
Esse tipo de operação policial não deixa dúvidas sobre os protagonistas nas operações indevidas dos correios: funcionários de alto escalão e empresários que possuem agências franqueadas.
Isso é uma notícia que soma-se a outras tantas que só comprovam a idoneidade do trabalhador ecetista da classe operacional. Carteiros e atendentes são os que mais sofrem com o desrespeito da população e com reclamações indevidas sobre a queda da qualidade.
Pouca gente tem a capacidade para discernir esse fato, mas quem carrega a ECT nas costas são os que mais estão longe dos episódios de corrupção.
É por essas e outras que sempre entramos em debates para pedir respeito aos Ecetistas. Muitos trabalhadores honestos, que dão o suor vestindo o uniforme dos Correios são taxados como corruptos sendo que a corrupção veste mesmo o terno e a gravata.
Franquias pra quê?
Agora, veja um pequeno trecho com a opinião dos nossos companheiros do SINTECT – RJ
Diz a matéria do Valor: “a apreensão foi realizada na residência de um empresário responsável por algumas agências franqueadas dos Correios…”.
O SINTECT-RJ denuncia há anos o poço sem fundo de desvios e corrupção das franquias. A própria existência delas é uma aberração que não deveria existir. A direção dos Correios deveria investir em suas agências e fortalecer a estrutura própria da ECT, e não entregar parte do negócio a empresários escolhidos a dedo pelos seus dirigentes.
Mas elas são mantidas e quando as fraudes vêm à tona, sempre são divulgadas como ação de funcionários dos Correios, como se Atendentes, OTTs e Carteiros tivessem algo a ver com o problema.
Governo faz campanha para desqualificar os Correios
Uma coisa já ficou bem clara para todos: a direção da Empresa e o Governo Federal estão se empenhando como nunca para desqualificar a ECT e toda a Classe Trabalhadora Ecetista.
E também não é segredo algum que isso faz parte de uma estratégia chauvinista, focada em desmantelar os Correios para vendê-lo a preço de banana.
Toda essa campanha anti-Correios é capitaneada pelo Ministério da Economia e encampada pelos dirigentes atuais da empresa, que nada mais são do que seguidores assíduos do Bolsonarismo corrosivo e tóxico que impera em Brasília.
Parte da mídia, como os canais de televisão que apoiam explicitamente o Bolsonarismo, dá espaço para este tipo de campanha. Até a própria matéria do Valor deixa de isentar os funcionários do operacional e não se esmera tanto em explicar ao público que a queda na qualidade dos Correios (que é o principal argumento de quem defende a privatização) é fruto de um enfraquecimento gradual e constante da empresa.
Esse enfraquecimento é realizado pelo alto escalão da empresa, todos funcionários com cargos de confiança, que são comumente leiloados nessa política do toma lá dá cá que ocorre em Brasília há muito tempo.
Na matéria do Valor, seria justo deixar claro que se tratam de funcionários graduados, de alto escalão, mas não é de interesse do jornal fazer isso, porque seus donos são empresários que concordam e apoiam o projeto neoliberal conduzido pelo governo.
Mesmo com deslizes no enquadramento, é importante que veículos divulguem as operações da PF sobre as corrupções nos Correios e, claro, apontem os nomes dos responsáveis por esses desvios.