ECT quer que Campanha Salarial seja feita em meio à Pandemia
Publicada dia 02/06/2020 17:29
Direção da empresa desconsidera decisão do TST, que aprovou acordo por dois anos. Além disso, desrespeita o afastamento imposto pela pandemia, que inviabiliza assembleias da categoria para aprovar pauta e gerar a mobilização necessária para a Campanha Salarial.
A direção da ECT conduziu a negociação coletiva da Campanha Salarial do ano passado ao impasse. A direção insistiu em retirar direitos, não negociou e acionou o TST, que definiu a vigência do ACT por dois anos.
Agora, em plena pandemia, um ofício foi encaminhado aos Sindicatos e Federações pedindo que a pauta de reivindicações seja encaminhada, a fim de dar início às negociações.
Em pleno momento em que aglomerações não são recomendadas, a ECT pretende que os Sindicatos negociem sem fazer reuniões setoriais, sem discutir a pauta de reivindicações e sem ter força para mobilizar a categoria.
A atitude causa espanto. Se o acordo vale por dois anos, conforme julgamento do TST no Dissídio Coletivo instaurado a pedido da própria ECT, por que a empresa mostra esse interesse em negociar agora?
Chamar negociação num momento tão conturbado devido à pandemia sugere uma tentativa de se aproveitar da situação para tentar impor (como faz todos os anos) retrocessos nos direitos da categoria.
Abandonados à própria sorte
O TST, infelizmente, derrubou liminar conquistada pelos Sindicatos e manteve a mudança no plano de saúde, que foi um pedido da ECT. A alteração impôs novos custos com mensalidade e mudanças no compartilhamento de custos, o que gerou milhares de pedidos de afastamento dos convênios médicos. Sim, milhares de companheiros se viram na necessidade de abdicar do plano de saúde por não ter os recursos necessários para custeá-lo.
Esses trabalhadores estão enfrentando a pandemia, nas ruas e nas unidades de trabalho, sem cobertura do plano de saúde e sem os EPIs e medidas de segurança para evitar o contágio, que a ECT não encaminha adequadamente.
Estão jogados à própria sorte pra manter a Empresa e a economia do país funcionando, uma vez que o volume do comércio eletrônico aumentou muito com a quarentena, cabendo aos Correios a entrega de um volume recorde de encomendas.
Respeito à categoria e ao ACT
A pandemia impôs alterações no cotidiano. O necessário afastamento social e a restrição levaram ao fechamento do comércio e ao adiamento de atividades, como as eleições dos Conselhos dos POSTALIS, as eleições municipais e negociações de várias categorias.
É esperado que a direção da ECT tenha bom senso de respeitar a decisão do TST, que validou o atual Acordo até 2021, e a categoria, que está na linha de frente de enfrentamento ao coronavírus.
Não é possível pensar em elaboração de pauta de negociações neste momento em que os trabalhadores sequer podem debater os enormes problemas que enfrentam e foram aumentados pela nova realidade.
Veja abaixo o ofício encaminhado pela FINDECT e endossado pelos Sindicatos Filiados informando o repúdio à intenção de negociar salários no momento em que a ECT deveria se preocupar com salvar as vidas de seus funcionários e assegurar uma rotina com o mínimo de qualidade.