Comissão paritária inicia discussão sobre plano de assistência médica dos trabalhadores da ECT
Publicada dia 21/10/2016 09:03
A comissão paritária criada para discutir o plano de assistência médica dos Trabalhadores dos Correios, Postal Saúde, iniciou os trabalhos nesta quinta-feira (20), em Brasília. Composta por 14 representantes da classe trabalhadora , sendo 7 da FINDECT e 7 da outra federação, e 14 representantes da direção da ECT, a comissão tem o objetivo de debater e apresentar propostas de melhorias do plano assistencial.
A primeira reunião da mesa discutiu o calendário de atividades, o regimento interno, bem como a organização e funcionamento da comissão. Pela manhã, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, e da Postal Saúde, Ariovaldo Câmara, estiveram presentes na abertura dos trabalhos. Com a promessa de dialogar e buscar soluções, a presidência ouviu as reivindicações da categoria e relatos de insatisfação da classe trabalhadora, que amarga as deficiências provocadas pelas más gestões da Postal Ssaúde ao longo dos anos.
Dirigente da FINDECT e Conselheiro Deliberativo da Postal, Anézio Rodrigues fez um breve histórico da época em que a assistência médica era gerida pela própria direção dos Correios, até a criação de uma instituição paralela para administrar o plano.
De acordo Anézio, “o Postal Saúde foi criado numa situação extremamente suspeita em que os trabalhadores, as entidades representativas não foram convidadas a participar ou comunicadas da sua criação”.
Ele argumentou que “não seria necessário ter formado uma empresa numa instituição paralela para administrar o fundo de assistência médica dos trabalhadores – era só tomar algumas atitudes para coibir determinados abusos que ocorriam no Correios-Saúde. A Postal Saúde foi criada para atender uma determinada casta política que fez dele um cabide de emprego”.
Para Anézio, o excesso de funcionários, o fechamento de ambulatórios e a constituição das unidades regionais, que foram sempre motivos de críticas, principalmente das unidades representativas dos trabalhadores, entre outras mudanças efetivadas, fez a situação chegar a esse patamar precário.
“Este ano estamos prevendo aqui chegar na casa de quase 2 milhões de gastos. Sabemos que a situação político-econômica do País não é fácil, mas não podem jogar o abacaxi no colo do trabalhador. Vamos discutir aqui sim, com seriedade, hombridade, mas nós não podemos assumir nenhum compromisso de onerar ainda mais os trabalhadores. Espero que a empresa tenha o bom senso de não nos responsabilizar nem nos prejudicar nessa situação que está ocorrendo”, disse.
Durante discurso, Campos adiantou – “o que a empresa tem é menor que aquilo que ela deve”. O presidente disse ainda que a tarefa de resolver os problemas da Postal será difícil, mas que a direção da empresa está disposta a encontrar saídas.
“Temos a oportunidade de construir aqui uma alternativa, uma solução. E vai ser mudado [a situação], pelo bem ou pelo mal vai ter que ser mudado. Temos a oportunidade de fazer isso de uma maneira programada, inteligente, acordada, olhando para a frente”, concluiu.
Ariovaldo Câmara disse que “ainda há solução. É bom saber que todos estão unidos aqui em busca disso”, disse o gestor da Postal Saúde, após apresentar um balanço dos três meses do plano sob sua gestão.
Nesta sexta-feira (21), as discussões serão iniciadas, de fato. A Comissão Paritária tem até 30 de Janeiro de 2017 para concluir os trabalhos. Representando a FINDECT estão André Ramos Gasperoni, Luiz Alberto Bataiola, Anézio Rodrigues, Silvana Regina A. dos Santos, Max Hellen de Moraes, Wilson Nascimento S. Araújo e Antonio Aguiar Júnior.
Avaliação
“A participação do presidente da empresa na abertura dos trabalhos foi importante, pois, pelo pouco tempo que ele tem de empresa é fundamental que ele saiba o histórico da Postal Saúde e a situação que se encontra atualmente, provocada por problemas lá atrás. O dia de hoje serviu para organizarmos o trabalho da comissão, que será árduo. Então a gente precisa se organizar para otimizar o tempo e ser o mais objetivo possível, porque hoje são 400 mil pessoas que dependem diretamente desse plano – não podemos errar. A responsabilidade dessa comissão é enorme. A principal reivindicação nossa é de que não queremos nenhum custo colocado nas costas da classe trabalhadora. Ela não pode assumir as consequências advindas de uma má gestão. Nos colocamos à disposição para tentar ajudar no que for possível, claro, fazer uma gestão do plano com eficiência, responsabilidade, cortando os gastos, mas queremos ver exemplos concretos. Infelizmente eles falam que a empresa está quebrando, que o plano está custoso, mas ele continua sendo cabide de emprego aí e dinheiro indo ralo abaixo. Nós da FINDECT e sindicatos filiados não aceitaremos nenhum tipo de prejuízo para o trabalhador. ” (André Ramos Gasperoni – SINTECT-RJ).
“A direção da Empresa participou da discussão nesse primeiro momento, espero que continue durante toda a comissão. Eu acho que a partir desse momento, com a responsabilidade que temos, vamos fazer essa discussão em defesa do principal atingido, que é o trabalhador”. (Max Hellen de Moraes – SINTECT-TO)
“Se a empresa veio realmente disposta a discutir o assunto e não impor condições, a gente vai saber no transcorrer das reuniões. A gente quer acreditar que ela queira, como nós, discutir as questões, fazer propostas e melhorar o nosso plano, obviamente. Temos que ter sempre em mente que o principal beneficiário e merecedor desse plano de saúde, que é a categoria, não pode ser ainda mais penalizado. A FINDECT tem uma proposta muito clara, desdobrada em quatro itens – queremos o retorno da administração da assistência médica para os Correios; queremos que funcionários de carreira, que tenham conhecimento da área, ocupem cargos de gestores na Postal Saúde, evitando assim os apadrinhamentos políticos que estão destruindo nosso plano de saúde; queremos o retorno dos ambulatórios e a manutenção do atual conselho na estrutura que ele está, se a gerência voltar para a administração direta da ECT, e que o mesmo seja constituído de funcionários eleitos para fiscalizar o plano de saúde e sugerir propostas de mudanças e avanços”. (Luiz Alberto Bataiola – FINDECT)
De Brasília, Ruth de Souza – FINDECT